Carlos Boechat
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HOMOFOBIA
24/10/2016 18:45:00
Assistindo aos Jogos Olímpicos em um grupo bem heterogêneo - mais pelo encontro com as pessoas do que pelos jogos, que não entendo nenhuma regra, pude perceber algumas falas que coloquei em suspeição.
Na luta olímpica feminina, o comentário era “nossa essa mulher é mais homem que eu!” Na masculina: “credo esses caras estão se agarrando demais”,  “o cara ficou de quatro e outro chegou por trás”
No vôlei feminino: “a maioria das jogadoras de vôlei são sapatão”.No masculino os atletas conversavam ao pé do ouvido e ouvi um “ih!!! Perto demais”. Claro que todos riram, eu para não ficar um extraterrestre esbocei um leve sorriso, um amigo mais perto vendo minha cara de espanto, disse logo “relaxa é só um jogo”. Ele queria evitar uma fala minha que levaria o riso a uma auto-reflexão sobre esses comentários. Fiquei pensando o quanto incomoda a vida sexual dos outros, o quanto incomoda a expressão de afeto e como essas mexem com conteúdos internos não aceitos. Aludem que uma simples expressão pode ser um conteúdo sexual e assim algo proibido, principalmente se for do mesmo sexo.
É sabido que homens que agridem e matam homossexual o fazem por não suportar o próprio desejo que a presença física do outro vem trazer. Destruímos o espelho em vez de nos olharmos. Claro que esse tipo extremo de homofobia é algo monstruoso e que precisa ser punido como qualquer outra violência a um ser humano. Mas fico pensando se a homofobia que citei acima não seria algo muito serio. Através da risada, da aceitação muda fortalecemos a homofobia não explícita que constrói e corrói o pensar, e aceitar próximo. Lembrando que através desses comentários, também expressamos nossos preconceitos de cor, de beleza principalmente em uma Olimpíada que temos varias nações, com seus biótipos e características próprias. Olharmos e tecermos comentários tão discriminatórios estamos dizendo que o nosso valor de beleza, moral e costumes é melhor que o outro, e dessa forma, distanciamos a ponto de não darmos um bom dia e até matarmos nas ruas e nas guerras. 
Por outro lado a Olimpíada nos deu a oportunidade das diferenças e tenho certeza que, apesar dos comentários ouvidos, muitos aprenderam com a diversidade. E  ao compartilhar os ganhos de nossos atletas, pasmei ao ver os que proferiram comentários homofóbicos, se abraçando, se beijando...Comigo pode... Comigo está certo, é seguro, mas com os outros...
CRIANÇA MOÇA OU ...
24/10/2016 18:29:06
Estive em festa de família e, na oportunidade, revi as varias gerações de primos. Dentre estes estava uma prima da 3ª geração, com 4 anos, muito comunicativa, provocadora e por assim o ser o centro das atenções por onde passava. Como todos colocavam-na no centro não pude deixar de me ocupar com ela. 
Em sua fala bem articulada, com uma fraNqueza e ironia capaz de virar personagem de desenho animado americano (Simpson).  Por exemplo, falava para minha Irmã com 58 anos que ela está velha e muito enrugada. Sua mãe não sabia aonde colocar a cara e resolveu sair de perto deixando as coisas acontecerem. Um comportamento que me chamou atenção é a quantidade de vezes que passa batom, olha no espelho de bolsa, passa gloss; em curtíssimos espaços de tempo. Parecia até um toc. Percebi o quanto era estimulada pelos adultos ao redor por essa atitude. Admiração, falas que a colocam no centro da atenção, até as chamadas educativas eram para ouvir a decisão dela e o adulto acatar. Fiquei impressionado. Depois veio as músicas e sensualidade dos passos, os movimentos de mãos e cabelos, os olhares para quem  a observava, a parceria de dança que os adultos faziam. Enfim, tinha hora que não dava para saber se era uma adulta pequena ou uma criança que não era criança.
Pensei na época da “dancinha na boca da garrafa” que havia platéia para ver crianças executar tamanha destreza erótica. Depois mães e tias admiradas não queriam que suas filhas tivessem beijos e sexo tão cedo. Importante dizer que não é porque uma criança brinca de adulto que ela terá sexo mais cedo. Mas acredito que o crescimento com essa percepção de mundo, naturaliza  e antecipa os conceitos eróticos que deverá aprender na adolescência. Tudo tem uma causa. Nada é da própria criança como costumo ouvir. Essa, do meu exemplo, tem um irmão que é a vida do avô. Para ele não há medida de diversão, brinquedos e afetos muito bem demonstrados. Quando perguntei sobre essa preferência o avô me disse que o neto homem era com ele e que as meninas eram com a avó. Comecei a entender. Ao ver a avó, uma mulher de 59 anos mais enfeitada que arvore de natal... Continuei entendendo...
Acredito que criança tem que ser criança. Descobrir o mundo ao seu redor, brincar, imitar seus amores paternos, lidarem com a competição entre irmãos... Tudo normal... Posso ser antiquado, mas penso que uma criança de qualquer sexo, que é estimulada desde cedo a desempenhar um papel de uma idade que virá, pode desenvolver a necessidade de novos comportamentos quando esse futuro chegar. Não é por menos que o IBGE apresentou resultados de pesquisa que 27,4% dos alunos até o nono ano (14 anos) já tiveram pelo menos uma experiência sexual. Assustador, se lembrarmos que essas relações são sem proteção e que o número dos portadores de HIV que mais crescem no país estão na faixa etária dos 12 aos 24 anos....
A vida sexual na mais tenra idade torna-se um risco a saúde pública. Pais que não se ocupam com seus filhos crescem em número. Já ouvi em meu consultório mulheres que querem ser mães para “ser igual a todo mundo” e ser incluída nas festas sociais de suas amigas. Não pode dar certo esse modelo de amor....
Precisamos brincar com nossas crianças. Conversar com elas. Saber o que pensam em que acreditam. Conhecer suas amigas e as casas que elas frequentam. Precisamos nos importar e , leitores, amar dá muito trabalho. Amar uma criança muito mais... Precisamos ter ações que demonstram nosso amor... Nossa importância. 
 
MULHERES QUE SABEM O QUE QUEREM
24/10/2016 18:04:44

 
Convidado pela amiga Jacqueline Barros, a fazer uma palestra na Casa Cor 2016, com o título “Encontro de Dois” imaginei, primeiramente, uma estrutura formal, com microfones, multimídia enfim, todos os recursos que estou acostumado em minhas atividades. Qual surprese que o ambiente era um lounge  de um café, hiper aconchegante, informal e muito acolhedor decorado de forma a auxiliar o encontro... Tão difícil de se ver e sentir nos dias apressados que vivemos.
 
Enquanto aguardava o inicio observei os participantes e tentava sentir como expressar  o conteúdo preparado. Mulheres lindas, de varias faixas etárias sendo que sua maioria acima dos 40 anos, muito bem arrumadas, elegantes, sensuais  e profissionais da arquitetura e decoração. Debatemos sobre vários assuntos afetivos e sexuais. Varias declararam o quanto estavam certas de não precisar de homens para o prazer sexual, mas que a companhia e ter com quem conversar é muito importante. Mulheres que são independentes economicamente passaram por vários relacionamentos, carregam dores emocionais, e especialistas em fazerem escolhas com amor e dor. Coisa de humanos, e como elas são humanas. 
 
Uma historia de amor nos foi contada. Uma delas com mais de 60 anos, procurando músicas para o neto, encontrou um CD do primeiro amor. Admitiu e seu marido sabia quando casou que este primeiro amor era e é o grande amor de sua vida. Agora viúva, seu neto foi a razão da busca. Ao perceber que as músicas que foram feitas pelo amor durante o namoro estavam ali gravadas. Tremeu, voltou toda a ansiedade, as memórias das dores e amores...e..incentivada pela família, ligou e do outro lado, ao ouvir a voz , a reconheceu 27 anos depois. Conversaram e namoraram no virtual, marcaram um encontro real, e segundo ela, ficaram uma semana em um hotel, conversando e fazendo amor como nunca o fizeram. Suas sensações corporais, seus orgasmos extremamente intensos e a emoção de encontrar um amor antigo e esquecido, fizeram sentir-se como uma adolescente. Para ela o tempo voltou ao período que se conheciam e se separaram. Roupa suja lavada e decidiu se ver uma vez por mês pois ambos são expoentes em suas profissões em Estados diferentes.
 
As mulheres que ouviam ficaram admiradas com a magia do encontro. A possibilidade de reencontro reacendeu a esperança oculta  de novos amores, aquecimento dos seus e o fortalecimento de novas modalidades de melhorar a vida amorosa e sexual. Em qualquer idade o amor e o sexo podem e devem acontecer. Refletir sobre o que fazemos com nossas vidas, as escolhas que nos separam ou nos distanciam de nossos amores e de nossos sonhos. Desde a criação de filhos, acompanhar marido ou mesmo a vida profissional precisamos saber dosar as obrigações de nossas necessidades mais íntimas. As mulheres ainda carregam culpa por escolherem a se dedicar ao trabalho e a sua vida pessoal e não conseguir ser 100% na maternidade. Realmente, não dá pra ser 100% em tudo. Escolhas....escolhas...mas podemos sim adequar, conversar, combinar com filhos e maridos, as divisões das atividades do lar, as prioridades, os momentos individuais. Acredito que bancar de Deusa remete a solidão e a frustração, punição inevitável para quem não se sente e se respeita.
 
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